A experiência da CE CEDAC na formação de equipes gestoras com foco na educação inclusiva foi parar em Portugal, onde foi apresentada como parte da programação do Seminário Internacional: Inovação e Inclusão, que está sendo realizado na Cidade do Porto.

Marília Costa, integrante da equipe de coordenação pedagógica da CE CEDAC e formadora do Programa Parceria Votorantim pela Educação, apresentou no dia 13 de outubro o trabalho desenvolvido em Imbituba (SC) e Caçapava do Sul (RS) no ano passado no âmbito do PVE, que em 2016 teve a Educação Inclusiva como uma das suas temáticas.

O seminário em Portugal busca promover o diálogo entre as realidades educacionais brasileira, portuguesa e espanhola. O evento parte do pressuposto de que o desenvolvimento de sistemas educativos organizados segundo valores inclusivos é um imperativo da atualidade.   “A generalização do acesso à escola, o aumento de anos de escolarização e sobretudo o desafio de ‘educar todos e cada um’, implicam mudanças profundas nas culturas, nos valores e nas práticas da escola chamada de ‘tradicional’”, diz a página do Seminário na internet. “Assim, a Inclusão encontra-se profundamente ligada à inovação pedagógica, trazendo um outro entendimento sobre o que é o aprender, sobre o que é o conhecimento, sobre o que são as competências e sobre tudo o que é essencial para que nenhum aluno seja deixado para trás.”

No relato da experiência, Marília destaca a distância entre o discurso e a prática no que diz respeito à diversidade e à educação inclusiva. “No Brasil, as diretrizes para a educação nacional preconizam um sistema educacional inclusivo, especialmente na última década, de modo que nas escolas públicas encontramos turmas bastante heterogêneas, em termos de condições socioeconômicas, etnia, origem, crenças, níveis de desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem, necessidades de apoio, entre outros aspectos. Contudo, na cultura escolar ainda prevalece a homogeneidade como critério para organização dos sistemas de ensino, pois a formação da maioria dos profissionais se deu a partir dessa premissa.”

Nas duas redes municipais de ensino que são destacadas no relato de Marília, foi realizado um trabalho de formação continuada com as duplas gestoras das escolas (diretores e coordenadores pedagógicos) e com a equipe da Secretaria de Educação. Após uma formação voltada para as premissas de uma educação com qualidade e equidade, foi feito o mapeamento dos alunos que precisavam de apoio educativo, identificando quais apoios eram necessários para cada um dos alunos. Em seguida, foram mapeadas as condições das escolas para oferecer os apoios necessários. O trabalho foi feito de forma colaborativa, entre as duplas gestoras das escolas e a equipe de secretaria, e resultou em um Plano de Ação para fomentar práticas inclusivas, elaborado pela Secretaria Municipal de Educação, e também vídeos de boas práticas produzidos pelas escolas.

Marília relata que os avanços percebidos foram diferentes de escola para escola, assim como em relação aos dois municípios, por conta das diferenças naturais entre as comunidades. No entanto, identifica dois aspectos comuns: 1) ampliaram a concepção de educação inclusiva, antes restrita aos alunos da educação especial, incorporando uma perspectiva mais ampla que percebe cada aluno como único e diferente em relação aos demais; 2) perceberam as vantagens do trabalho colaborativo e da perspectiva sistêmica, pois as mudanças necessárias são complementares e interdependentes.  O maior desafio nos dois municípios, destaca a educadora, ainda é o avanço em relação à prática pedagógica em sala de aula, especialmente em relação à oferta de apoios educativos.

O programa Parceria Votorantim pela Educação (PVE) é uma iniciativa do Instituto Votorantim e das empresas do Grupo, que objetiva a melhoria da educação pública nos municípios onde a Votorantim atua, por meio da mobilização social das comunidades e da qualificação das práticas de gestão. O programa busca o desenvolvimento de competências dos gestores públicos e o fortalecimento da cultura de formação continuada de profissionais de educação, atuando em 53 municípios do país, em 2017.