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18/03/2016

A transformação da concepção de criança e de Educação Infantil nas escolas e creches de João Monlevade

Parceria realizada em 2015 com a prefeitura do município de João Monlevade, cidade mineira com mais de 73 mil habitantes, possibilitou a formação continuada dos gestores educacionais (técnicos da Secretaria Municipal de Educação) e gestores escolares (diretores e coordenadores pedagógicos das escolas).

Por meio de quatro encontros presenciais com a formadora do Projeto, reuniões, trabalhos de campo nas escolas e atividades práticas realizadas pelos educadores da rede em parceria com os técnicos da Secretaria Municipal de Educação, os educadores da Educação Infantil refletiram com profundidade sobre a brincadeira, relacionando a prática que os professores realizam nas escolas com os estudos desenvolvidos por Vygotsky sobre o desenvolvimento da imaginação.

As reflexões que aconteceram na formação com os gestores desdobraram-se em ações que envolveram também os professores, pois foram planejadas reuniões formativas que os coordenadores pedagógicos desenvolviam nos HTPCs, favorecendo a consolidação de uma formação sistêmica no município. Além das reuniões, outra estratégia formativa utilizada foi a observação de situações de brincadeira planejadas pelos professores em suas escolas. Essas observações compunham os conteúdos de formação e beneficiavam as reflexões coletivas.

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Aos poucos, os ambientes planejados para a brincadeira foram sendo transformados nas escolas e creches da cidade. Essa transformação possibilitou que as tematizações sobre a prática – outra estratégia formativa empregada – passassem a ser realizadas, utilizando as filmagens de brincadeiras que aconteciam nas escolas do próprio município e que foram documentadas pelas duplas gestoras. As reflexões ganharam intensidade e um caráter de “pé no chão, ou melhor, pé na escola, na nossa realidade” que favoreceram o desenvolvimento profissional de todos.

Em seguida, foi a vez de os diretores compartilharem as transformações dos espaços de uso coletivo com o objetivo de qualificar ainda mais a brincadeira na escola. Essa socialização foi acompanhada de relatos sobre a responsabilidade de cada profissional da escola nessas transformações dos espaços e da análise sobre as possibilidades de uso pelas crianças.
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Sala de uma creche reformada:Alguns berços foram virados e transformados em cabanas, liberando espaço para os bebês se movimentarem e brincarem/ Móbiles confeccionados pelos educadores.

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Sala de uma creche reformada:Paredes que eram em tom cinza-escuro foram pintadas com cores alegres,  o chão de cimento foi coberto com tapetes emborrachados coloridos./Móbiles foram pendurados e alguns dos berços, que antes ocupavam quase todo o espaço, foram retirados ou transformados em espaços de brincadeira.

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Na entrada de uma das creches, os berços retirados foram transformados em sofás para os pais sentarem.

Tais reflexões serviram de inspiração para que todos pudessem aprimorar ainda mais os espaços das escolas pelas quais são responsáveis e qualificou tanto as tomadas de decisões que foram necessárias nas escolas quanto as reflexões sobre a concepção de criança. Esse grupo finalizou o ano de 2015 analisando os mesmos espaços transformados, sendo utilizados pelas crianças, o que provocou a necessidade de outras modificações e fortificou as reflexões sobre as concepções e os princípios desta Rede de ensino.

Na avaliação de Rita Célia Loureiro Rodrigues e de André Felipe de Araújo, coordenadores da Secretaria de Educação responsáveis pela Educação Infantil do município: “Um ponto fundamental na formação foi a convergência das ações dos diretores e coordenadores, suas ações se complementavam, visando ao aprendizado das crianças. Esses desenvolvendo pautas formativas significativas e aqueles gerenciando recursos e espaço, intervindo de forma consistente nos ambientes”.

Para além da qualificação da brincadeira, as reflexões realizadas na formação sobre a importância desta atividade para o desenvolvimento da criança foram determinantes para promover uma consistente transformação na concepção de criança e na concepção de Educação Infantil, principalmente dos profissionais envolvidos mais diretamente que, ao longo do tempo, foram explicitando as incongruências que passaram a enxergar, cada vez com maior clareza, em relação aos espaços das salas de aula, à lição de casa, à forma como a escola se organiza para acolher as crianças, além de outras.

Esse movimento gerou nos educadores a necessidade de investirem em algumas outras transformações nas escolas, como a adaptação das crianças novas e a organização dos espaços das creches:

– As equipes gestoras realizaram reuniões com os pais de crianças novas ainda em dezembro, prática nova na rede, para orientá-los sobre o período de adaptação, que foi modificado para melhor atender às necessidades das crianças. Dessa forma, bem informados sobre o processo, os pais tiveram tempo para se organizar, e segundo depoimento dos gestores, todos apoiaram as mudanças anunciadas.

– Todas as creches (que atendem crianças de 0 a 3 anos) tiveram seus espaços de salas de aula modificados, pensados, na medida do que já foi possível, na perspectiva das crianças.

Segundo depoimentos das duplas gestoras, a adaptação das crianças pequenas e dos bebês foi, nesse início de ano, “bem mais tranquila”.  Os professores e monitores estão gostando do movimento mais autônomo das crianças nas salas de aula. Os pais também aprovam essas mudanças. “As salas estão mais bonitas”, comentaram alguns deles.

Acreditamos que as transformações que aconteceram podem se tornar perenes, pois, cada vez mais, fica evidente o quanto os educadores locais estão empenhados em atuar para e pelas crianças, entendendo como elas aprendem e se desenvolvem, a fim de tê-las sempre como centro das decisões, conforme orientam as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil.

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